JAVALI GIGANTE ABATIDO, CAÇA COM CÃES DE AGARRE

Mais uma vez fui convido pelo meu grande amigo GILSON para participar de uma caçada com o grupo JAVA HUNTERS, em UBERABA/MG. Este grupo, liderado pelo experiente JOSÉ LÚCIO, tem feito um excelente trabalho de controle populacional dos javalis asselvajados na região, já tendo abatido dezenas deles.

Cabe destacar que os javalis não são nativos e não tem predadores naturais no Brasil, sendo considerados Fauna Exótica Invasora pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Como forma de controle populacional desta praga, desde 2013, o IBAMA regulamentou a caça. Atualmente, é a única permitida no país. Confira aqui a legislação.

No sábado pela manhã nos reunimos para ajudar o LÚCIO com seus os cachorros, esses são os verdadeiros heróis e os principais responsáveis pelo sucesso da caçada. Para a proteção dos animais, colocamos neles os Coletes Agarre (saiba mais), confeccionados em vaqueta revestidas com poliéster, protegendo partes vitais, mas sem prejudicar a performance. Embarcamos os cachorros e partimos para a fazenda.

Segundo relato do proprietário e de trabalhadores da fazenda, na região era comum avistarem um animal monstruoso, negro, que mais lembrava um boi do que um porco. Nos últimos tempos, eles estavam evitando andar a pé nas áreas plantadas por medo dele. Além de destruírem nascentes e plantações, os javalis oferecem sério risco às pessoas devido a sua agressividade excessiva.

Estava chovendo quando começamos a procurar os rastros. Dirigimos por várias plantações até encontrar na estrada um rastro recente que seguia em direção ao milho. Pelas marcas, sabíamos que era um dos grandes. Soltamos os cachorros (beagles, americanos, pit bulls, dogos e filas). Como de costume, o LÚCIO entrou atrás deles na plantação e nós fomos tomando posição para cercar.

Poucos minutos se passaram e os cachorros BIGO e MORENA já estavam no rastro dos porcos liderando a matilha. Pelo rádio o LÚCIO pediu ajuda. Partimos em sua direção atravessando a vasta plantação de milho. Confesso que senti bastante dificuldade na progressão, simplesmente não dá para enxergar nada além de milho e mais milho. Escutei disparos, tentei acelerar. Mais disparos, com certeza a coisa estava feia, o LÚCIO jamais atiraria sem necessidade, já devia ter abatido algum. Porém, ele continuava chamando pelo rádio. Só pensava em chegar logo para ajudá-lo. Sem o som dos cães é praticamente impossível localizar a direção a ser seguida. Mirei uma reta e corri o mais rápido possível. As vezes parava para escutar e observar, havia o risco de me deparar com um javali em fuga. Neste momento já estava com a 12 nas costas e de Glock na mão. Para minha sorte consegui chegar ao pivô central, rapidamente subi nele para ter uma visão melhor, afinal, a plantação era gigantesca.

Consegui avistar o LÚCIO, fui em sua direção. Lá chegando, ele relatou o ocorrido: os cães se dividiram em duas pegas, e ele estava sozinho. A que estava mais perto era uma porca (aproximadamente 120kg), ele a abateu rapidamente e partiu para juntos dos outros cães. Como o porco não fazia barulho nenhum, ele já sabia que encontraria um CACHAÇO pela frente. Da melhor maneira que pôde, o abateu e salvou os cães que estavam correndo sério risco.

Então, fomos procurar os 2 porcos abatidos. Encontramos primeiro a porca, neste momento outros caçadores já haviam chegado ao local. Arrastamos ela para uma área acessível aos carros. Porém, alguns cachorros não haviam retornado, sendo provável que estavam atrás de outros rastros. Continuamos nesta área com parte dos cães em busca de outros javalis, mas nada encontramos. Enquanto isso, parte dos caçadores procurava pelos demais cachorros.

Como alguns precisavam ir embora, juntamos a turma para tirar o CACHAÇO do milharal. O animal era o provavelmente o maior já abatido pelo grupo, media fácil 2,5m e pesava pelo menos uns 350kg.

Mais uma vez a experiência do LÚCIO fez a diferença. Montamos uma estrutura com corda e pedaços de madeira, algo parecido com um carro de boi. Foram necessários 10 homens adultos para conseguir arrastar este javassauro (assim o batizei rsrss) para fora da plantação. Jogamos ele na caçamba e parte do grupo retornou à fazenda para iniciar a limpeza.

Juntamos os cachorros, porém faltava a PRINCESA, uma pit bull extraordinária na caça. Passamos as próximas horas procurando por ela. Nesse meio tempo, encontramos novos sinais de mexida de porco. Resolvemos soltar novamente os cães. Chegaram a pegar alguns rastros, mas nada dos javalis. Juntamos novamente o grupo, já estava escurecendo e a chovia há um bom tempo. O LÚCIO e o ZÓIO retornaram para a fazenda para ajudar na limpeza.  Eu, o GILSON e o DERSON permanecemos na área para procurar pela PRINCESA.

Procuramos muito e nada. De repente, enquanto trafegava por uma estrada, vimos um enorme porco negro, cruzar a estrada a uns 400m de nossa posição. O GILSON acelerou em sua direção, mas ele já havia sumido. A seguir, um motorista que passava pelo local disse que viu outros porcos atravessando por ali. Voltamos ao carro dar mais uma volta atrás da cadela perdida.

Do nada, o DERSON constatou algo incrível. Não havia razão para aqueles porcos estarem cruzando a estrada neste horário, simplesmente não era comum. Só podia ser a PRINCESA que estava os afugentando. Retornamos correndo, como um milagre a encontramos bem perto de onde avistamos o porco. Que alegria, a danada ficou sozinho por horas na perseguição. O DERSON a acariciou e pegou no colo. Não é por acaso que os são os melhores amigos do homem e os heróis da caçada. Voltamos rápido para a fazenda a fim de dar a boa notícia.

Agora, era hora de tirar as fotos para recordação, limpar os bichos e empacotar a carne.

Se engana quem acha que caçar é tarefa fácil e rápida. Caçar animais perigosos e arisco como os javalis exige uma grande logística, muita experiência, preparo físico, equipamentos, armas, e é claro, uma boa matilha de cães de caça.

Lições aprendidas

1- Como todo trabalho em equipe, a comunicação é algo importantíssimo. Portanto, é recomendo o uso de rádios-comunicadores.

2- Para se locomover rapidamente em meio à cana e ao milho é necessário reduzir o volume lateral e tirar tudo que possa agarrar à vegetação. No meu caso os problemas eram o coldre de perna e a bandoleira da espingarda.

3- Sempre que possível deve ter 2 caçadores acompanhando os cães.

Equipamentos utilizados

• Espingarda Winchester Defender 1300 (cartuchos SG)


• Pistola Glock G19 (com lanterna tática)


• Fiel para pistola


• Faca de pescoço BK14


• Faca Kabar BK9


• Lanterna tática Fenix Pd 35


• Lanterna de cabeça Petzl Tikka 2


• Uniforme camuflado padrão EB


• Coturno


• Perneira (ou polaina)

“A agressividade, a facilidade de adaptação e a ausência de predadores ou competidores naturais levam o javali a figurar na lista das cem piores espécies exóticas invasoras do mundo.” Fonte: IBAMA