Header Ads

Breaking News
recent

TRAVESSIA CAPIVARI X PARQUE ESTADUAL RIO PRETO

Há alguns dias, recebi um convite do meu amigo João Bosco, também voluntário no PARNACIPO, para fazer a Travessia Rio Preto X Capivari, no feriado de Tiradentes. E é claro que aceitei... bora sofrer!


Atenção: é necessária autorização prévia da direção do Parque Estadual do Rio Preto para realizar o percurso.



1º dia - BH X Capivari X Bica D'agua


O dia que antecede uma travessia é sempre corrido: trabalhar, arrumar mochila, comprar itens de alimentação e pegar estrada. Como moro em Divinópolis, primeiro tive que encarar uma curta viagem para BH. Cheguei na capital depois da meia-noite e às 03h30 o João já estava batendo à porta. Optamos pelo caminho que passa por Conceição do Mato, onde existem muitas curvas e um trecho de terra em boas condições. Por volta das 09h00 chegamos à Capivari.


Nosso plano inicial era chegar em Capivari, pegar o Cristiano (motorista que retornaria em nosso carro) e viajar para São Gonçalo do Rio Preto. Entretanto, como ficaria tarde para iniciar a travessia, decidimos inverter o trajeto e começar por Capivari mesmo, mudando assim nosso planejamento.


Conversamos com o Sr. Genésio funcionário do Parque Estadual do Itambé sobre esta alteração no roteiro. Ele achou uma escolha acertada. Verificamos com ele a possibilidade de pernoitar no cume do Pico do Itambé, a fim de curtir o maravilhoso nascer do sol, mas lá estava lotado (só 12 pessoas podem pernoitar no Pico por noite, reserve com antecedência).


Resolvido o roteiro, o Cristiano nos levou de carro até a Cachoeira do Amaral onde iniciamos a caminhada. Após alguns minutos, avistamos a Cachoeira à esquerda. Como não tinha um poço, tiramos algumas fotos e voltamos à trilha. A seguir fizemos um ataque à Cachoeira Tempo Perdido, apesar do pouco volume de água é muito bonita.




[caption id="attachment_2332" align="aligncenter" width="1280"] Cachoeira Tempo Perdido - Foto: João Bosco[/caption]

Por volta as 13h, encontramos com um guarda-parque aos pés do Pico do Itambé. A imponente Montanha, com seus 2002m de altura (3º ponto mais alto de Minas) parecia nos desafiar. Pensando pelo lado positivo, foi bom não ter dado certo de subir nesta oportunidade. Assim, já temos uma desculpa para retornar à região.




[caption id="attachment_2339" align="aligncenter" width="1280"] Pico do Itambé - Foto: João Bosco[/caption]

Mais alguns quilômetros caminhados e fizemos um ataque à Cachoeira da Cortina. Se você não tiver as coordenadas de sua localização ou o tracklog, dificilmente irá encontrá-la. A Cachoeira é linda, tem um excelente poço e bem preservada, valeu o esforço extra para acessá-la.




[caption id="attachment_2335" align="aligncenter" width="1280"]Cachoeira da Cortina Cachoeira da Cortina - Foto: João Bosco[/caption]

De volta à trilha principal, seguimos para a casa do Sr. Santo, famoso ponto de apoio, também conhecido como Bica D'agua. O trajeto até lá foi bem pesado, subimos bastante e haviam muitos trechos de areia, o que tornava a caminhada mais difícil. A região é maravilhosa e praticamente desabitada. Passamos horas sem avistar qualquer pessoa. Chegando à casa de Sr. Santo de imediato fiquei impressionado com a beleza do local. A casa simples, com telhado de palmeiras caprichosamente pintada de branco e verde, sendo emoldurada pela serra ao fundo.




[caption id="attachment_2336" align="aligncenter" width="1280"] Bica D'agua - Casa Sr Santos[/caption]

Batemos palmas e logo fomos recebidos por ele e seus familiares. Pedimos permissão para armar nossas barracas em seu quintal. Ele não só permitiu, como insistiu que ocupássemos um quarto em sua casa. Não dá para descrever em palavras o carinho como fomos recebidas. Também nos foi gentilmente oferecido banho quente e o fogão à lenha para preparar nossas refeições.


O Sr Santo é um profundo conhecedor da região. Está sempre disposto a guiar os turistas para visitar os atrativos mais bonitos da região ou mesmo prestar auxilio transportando as mochilas em sua tropa de mulas.



2º dia - Bica D'agua X Fazenda


Após uma excelente noite de sono, fomos acordados pelo barulho dos animais. Juntamos nossa tralha, organizamos as mochilas, mas antes de pegar a trilha, tomamos o delicioso café feito pelo Sr. Santo.


Na noite anterior, conhecemos o Dilson, cunhado do Sr. Santo, que estava passando o feriado na fazenda. Combinamos com ele uma carona de aproximadamente 8km, o que adiantou bastante o trajeto a ser percorrido.


O primeiro objetivo do dia era a Cachoeira XXX,   que fica localizada na propriedade particular do Sr. Tião Painha. Segundo nos informaram, ele não gosta de ser surpreendido com turistas à sua porta. Antes de passar pelo local, é fortemente recomendado que seja realizado contato prévio por telefone. Quem intermediou nossa visita foi o próprio Sr. Santo, mais uma vez nos ajudando.


No caminho observei vários Pequizeiros e também pés de Araticum. Para minha felicidade encontrei um fruto maduro ao chão, estava simplesmente delicioso. Chegamos na propriedade do Tião Painha aproximadamente 12h00, mas não havia ninguém no local.


Ao chegar, Painha fez a gentileza de nos guiar até o início da trilha para a parte baixa da Cachoeira, por sinal uma trilha suja, íngreme e muito perigosa. A Cachoeira é alta e muito bonita, mas na parte baixa não existe poço para banho. Curtimos um pouco e resolvemos voltar à parte alta para tomar banho nos poços. Para nossa sorte, o sol neste momento estava bem forte.



A seguir, retornamos à casa do Sr. Tião. Alguns grupos pedem autorização e acampam na área. Nossa ideia era andar mais um pouco e fazer um camping selvagem, assim adiantaríamos parte do pesado trajeto do 3º dia. Porém, quando pegamos a carona com o Dilson, o João esqueceu sua câmera no carro. Decidimos ir à Fazenda, um ponto de apoio do PE do Rio Preto, pedir ajuda aos guarda-parques.


Tivemos que voltar 2km pela trilha já percorrida. Ao chegar, fomos muito bem recebidos pelos guardas Valdir e Erenir que prontamente nos ajudaram. Enquanto o Erenir foi buscar a câmera, o Valdir passou um café e começou a preparar a janta no fogão à lenha. Foram horas de bate-papo ao redor do fogão. Aprendemos bastante sobre o belo trabalho desenvolvido por eles. Engraçado como um problema pode se tornar uma oportunidade.


Destaco que a sede da Fazenda é um show à parte. Repleta de história, nos faz viajar ao passado, tempos em que o garimpo e a extração de sempre vivas moviam a economia local. Outra coisa que me agradou bastante foi seu pomar repleto de frutas e verduras, perdemos as contas de quantas laranjas e mexericas chupamos.




[caption id="attachment_2343" align="aligncenter" width="1280"] Fazenda - Ponto de apoio do PE do Rio Preto[/caption]

Novamente não foi necessário acampar. Fomos convidados a ficar alojados na sede, com direito a banho quente e uma cama confortável. Ao final da noite, chegaram, no lombo de mulas, os guarda-parques Cizinho e Miltinho. A administração do Parque preocupada com alguns trechos mal demarcados das trilhas teve a preocupação de enviá-los para nos acompanharem até a sede em Rio Preto. Nota 10 para o Tonhão (gerente do Parque) e sua equipe. Para fechar bem o dia, fomos brindados com uma lua cheia maravilhosa.



3º dia - Fazenda X Parque Estadual do Rio Preto


Levantamos bem cedo, tomamos café e jogamos as mochilas nas costas. Os guarda-parques Cizinho e Miltinho que nos guiariam ofereceram para levarem as mochilas nas mulas. Decidimos recusar a tentadora oferta. Por aqui o estilo continua sendo “quanto pior, melhor”.




[caption id="attachment_2333" align="aligncenter" width="1280"]Sempre Viva Sempre Viva[/caption]

Diria que a mulas impuseram o ritmo da caminhada. Encaramos uma subida forte de intermináveis 6km sem qualquer parada. Vencida a serra, pegamos um trecho plano que faz parte da Chapada. Pelo caminho encontramos um arreio de cavalo abandonado na trilha. Os guardas ficaram tensos, com certeza por perto haviam pessoas extraindo sempre vivas, atividade proibida por lei. Não demorou muito para que pudéssemos avistá-los. Quando perceberam nossa presença, o grupo de 5 pessoas iniciou uma tentativa fuga, mas o Miltinho conseguiu abordá-los. O comprometimento de todos os funcionários do parque para com a preservação é surpreendente.


De volta à trilha seguimos conversando e aprendendo sobre a região. Apesar de ser o 3º e mais pesado dia de caminhada, rendemos muito bem, chegando à Cachoeira do Crioulo em torno das 12h. Era hora de nos separar dos guias, agradecemos a cortesia e fomos dar um mergulho na cachoeira.


A Cachoeira do Crioulo é linda e tem um enorme poço. Devido ao feriado, havia um bom número de turista visitando o local. Interessante é que o parque organiza grupos guiados para visitarem as cachoeiras. Num primeiro momento achei estranho, mas logo percebi que era uma ótima medida. O parque estava super limpo, não existia nenhum papel no chão, as trilhas estavam bem demarcadas. Fiquei surpreso que seu excelente estado de manutenção.




[caption id="attachment_2337" align="aligncenter" width="1280"]Cachoeira do Crioulo Cachoeira do Crioulo[/caption]

Não demorou muito e outro guia que estava ciente de nossa travessia nos chamou para acompanhá-lo. Seguimos um grupo grande e lento em direção à Cachoeira Sempre Viva, menor, mas também muito bonita. De lá passamos no Poço de Areia, que mais parece uma praia.


Ao final da tarde chegamos à Sede do Parque e literalmente corremos para o restaurante. Após 3 dias de caminhando sob sol quente, mesmo eu que não bebo normalmente, estava louco por uma cerveja gelada. Tomamos aquela Brahma e almoçamos (self-service R$17,90 à vontade).


Tentei fazer contato telefônico com minha esposa para avisar que estava tudo bem, mas não há sinal de celular no Parque. A alternativa é usar a internet wi-fi na área do Centro de Visitantes.


Fomos então para a área de camping. Como era feriado, estava movimentada, mas nada demais. A estrutura é excelente, haviam várias famílias e grupos de amigos curtindo o feriadão. Até que fim pudemos utilizar nossas barracas. Para fechar dia, faltava apenas acertar os detalhes de nosso retorno com o Cristiano. Mas não sabíamos da inexistência de sinal de celular. Outra vez, contamos com o apoio dos funcionários do Parque. Eles fizeram a gentileza de repassar nosso recado ao Cristiano.



4º dia - Parque Estadual do Rio Preto X Capivari X BH


A parte boa da viagem havia acabo, a missão do dia era encarar a exaustiva viagem de volta para BH. Por volta das 12h o Cristiano chegou para nos buscar. O João assumiu a direção e fomos deixa-lo em Capivari. A viagem foi longa, mais de 3h, mesmo pegando um atalho por estrada de terra em Diamantina.


Em Capivari, deixamos o Cristiano em sua casa, agradecemos e nos despedimos. Tanto o Cristiano como sua família são pessoas da melhor qualidade, foi um prazer conhecê-los. Só então, pegamos a estrada de volta para BH. Desta vez, optamos por passar por Curvelo. Apesar de mais longo, o trecho é todo asfaltado e está em ótimas condições. Mesmo sendo fim de feriado, não pegamos transito. Já era bem tarde quando chegamos à BH.


Apesar do cansativo deslocamento, este trekking foi muito especial. Tivemos a oportunidade de contemplar a natureza, superar desafios, mas acima de tudo conhecemos pessoas incríveis que nos trataram como membros da família. Só temos a agradecer e desejar que Deus continue os abençoando.



Telefones úteis para a logística



  • Seu Santo (Bica D'Água) - Local para camping, refeições, locação de mulas e guia - (38)99906-2071

  • Cristiano - Motorista habilitado, responsável pelo nosso resgate - (38)9968-1891


Parque Estadual do Rio Preto


Localizado no município de São Gonçalo do Rio Preto, distante 70 Km de Diamantina, faz parte do complexo da Serra do Espinhaço. Possui um relevo acidentado repleto de rochas de quartzo que formam belíssimos painéis.


A unidade de conservação abriga diversas nascentes, dentre as quais se destaca a do Rio Preto, um dos mais importantes afluentes do Araçuaí, por sua vez afluente do Rio Jequitinhonha. Os recursos hídricos privilegiados favorecem a formação de cachoeiras, piscinas naturais, corredeiras, sumidouros, cânions e praias fluviais com areias brancas.


Entre os atrativos turísticos, destacam-se as Cachoeiras do Crioulo e da Sempre Viva, as pinturas rupestres e os mirantes naturais. A cobertura vegetal do é composta, na maior parte, por cerrado e campos de altitude. A fauna é igualmente rica, com a presença de diversas espécies ameaçadas de extinção como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o tatu canastra e a jaguatirica.


O Parque possui a melhor estrutura que já visitei. Existe uma extensa área de camping com quiosques, churrasqueiras, banheiros e ainda 12 alojamentos. Há também restaurante e um Centro de Visitantes.



Informações



  • Visitação: de terça a domingo, de 07:00 às 17:00

  • Telefone: 38-99765621

  • Gerente: Antônio Augusto Tonhão de Almeida (antonio.almeida@meioambiente.mg.gov.br)

  • Taxa de visitação:  R$5,00


Não há transporte regular de acesso ao parque ou transporte coletivo para os visitantes. É permitido o uso de carros na estrada interna do parque e há estacionamento gratuito.


Atenção: os alojamentos e a área de camping devem ser reservados com antecedência junto à administração do parque.



Como chegar


A partir de Belo Horizonte, pegue a BR 040 sentido de Brasília e, depois, a BR 259 até Curvelo. Daí, siga pela BR 367, sentido Diamantina. Após a cidade de Couto Magalhães, entrar na MG 214 até São Gonçalo do Rio Preto. De São Gonçalo até a portaria do Parque são 14 Km de estrada de terra batida e bem sinalizada.



Parque Estadual do Pico do Itambé


O Parque possui riquezas naturais como cachoeiras, cursos d'água e vegetação únicas. Abrange em seus domínios, várias nascentes e cabeceiras de rios das bacias do Jequitinhonha e Doce. No Parque situa-se o Pico do Itambé, com seus 2.002 metros, um dos marcos referenciais do Estado.

Campos rupestres de altitude e cerrado compõem a cobertura vegetal nativa. Nos fundos de vales ocorrem manchas de solos de aluvião, de maior fertilidade, sobre os quais se desenvolve exuberante mata pluvial altimontana, onde podem ser encontradas espécies como o pau-d'óleo, a sucupira, o ipê, o cedro, o jatobá, o ingá e a candeia, entre outras. Nos campos de altitude ocorrem espécies raras e endêmicas de orquídeas.

Uma fauna bastante rica relaciona-se com a diversidade florística e com os recursos hídricos. Dentre os animais, constantes da lista oficial de animais ameaçados de extinção, destacam-se a onça-parda e o lobo-guará.



Informações



  • Contatos: (33) 3428-1372

  • Gerente: Silvia Jussara Duarte (silvia.duarte@meioambiente.mg.gov.br)


Fontes


Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.